quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Copa do Mundo retorna para o ''país do futebol''

Com o anúncio nesta terça-feira (30) em Zurique, na Suíça, pela Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) de que o Brasil sediará sua segunda Copa do Mundo, em 2014, o país terá a oportunidade de mostrar ao mundo que é capaz de realizar eventos esportivos de ponta, conquistando o respeito do resto do planeta e melhorando sua auto-estima.
Mesmo assim, a ''turma do contra'' abriu o jogo. Nesta semana, o jornal britânico Financial Times abriu suas baterias para disparar contra a infra-estrutura do país. Os principais problemas, ventilados pelo jornal, seriam a insegurança, a má condição do transporte aéreo e rodoviário, o risco de superfaturamento de obras e, o essencial, que nenhum estádio brasileiro poderia atualmente abrigar um jogo de Copa do Mundo.
Só que estamos falando de Copa do Mundo para 2014. Até o jogo inaugural, que poderá ser disputado na cidade de São Paulo, decorrerão 6 anos e meio, aproximadamente. Tempo suficiente para se planejar e executar projetos que sirvam para melhorar a infra-estrutura do país, como fez recentemente a Alemanha, que sediou a Copa de 2006.
Uma Copa do Mundo, bem realizada, pode trazer muitos benefícios. Os jogos atraem milhares de espectadores/torcedores de todo o mundo. O evento é mostrado para bilhões de telespectadores ao redor do planeta. A infra-estrutura montada para atender as exigências da Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa, na sua sigla em francês) poderá reverter em benefício para a população com, no mínimo, uma evolução no sistema de transporte público e segurança.
É evidente que o Estado deverá investir pesado no evento. A experiência dos recém disputados jogos Panamericanos no Rio de Janeiro serve para orientar os governos nesse sentido. A iniciativa privada, propalada como grande força motriz do evento à época de sua indicação, desmilinguiu-se diante da inação do governo do Estado e da prefeitura municipal do Rio de Janeiro. A administração atual da cidade procura agora rebater a acusações de superfaturamento em obras de sua responsabilidade, bloqueando uma CPI na assembléia do Estado.
''Estado é parte essencial''
O ex-jogador Michel Platini, atual presidente da União Européia de Futebol Associado (Uefa), afirmou em uma reportagem publicada na edição de segunda-feira do jornal O Globo, que o poder público é parte essencial na realização de uma Copa do Mundo.
Platini revelou que cerca de 50% do investimento feito no Mundial de 1998, na França, foi feito pelo governo. ''Chamo a atenção para o fato de que mesmo a França, um país rico, teve pelo menos 50% de verbas estatais no mundial de 1998. Isso, por exemplo, evitou que estádios ficassem naas mãos da iniciativa privada e os clubes tivessem que alugá-los'', destacou.
Sem uso político
O ministro dos Esportes, Orlando Silva Júnior, comemorou o fato de a escolha das cidades-sedes da Copa do Mundo de 2014 ocorrer só no fim de 2008. Para ele, isso vai impedir que os prefeitos usem a escolha como trunfo eleitoral nas eleições municipais de outubro do próximo ano.
''Eu achei muito bom o fato de a decisão das cidades ser só no fim de 2008, porque, dessa forma, ninguém vai poder fazer uso político disso. Não vai ter aquilo de o prefeito fazer a propaganda em cima disso'', explicou Orlando Silva, em Zurique.
Mesmo assim, vários políticos estiveram presentes ao evento. As figuras mais destacadas, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro dos Esportes, foram 9 governadores estaduais. Sérgio Cabral (PMDB-RJ), do Rio de Janeiro, Aécio Neves (PSDB-MG), de Minas Gerais, e José Serra (PSDB-SP), de São Paulo, foram os mais badalados pela mídia brasileira que cobriu o evento.
Planejamento consistente
Em uma entrevista publicada no site do Ministério do Esporte no último domingo, o ministro Orlando Silva garantiu à imprensa que o planejamento com os gastos públicos será consistente. ''O governo fará obras de infra-estrutura, que seriam realizadas independentemente da Copa, e a iniciativa privada fará os estádios'', disse.
O ministro disse também que são muitas as vantagens de o Brasil sediar o evento. ''A Copa do Mundo será uma grande oportunidade para nós promovermos o Brasil no mundo, modernizarmos nossas arenas e investirmos em serviços nas cidades que receberão milhares de turistas''.
De acordo com o ministro Orlando Silva, “a Copa é o evento que mais apaixona o brasileiro e que vai trazer mais investimentos internacionais para o País. Tudo o que for feito ficará como legado para o Brasil”, afirmou.
Cidades lutam por eliminatórias
Pelo descrito na proposta enviada à Fifa pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), 18 cidades concorrem para abrigar jogos da competição. A entidade deseja que a Copa no país tenha 12 sedes, mas a Fifa já manifestou o desejo de que os jogos aconteçam em 8 ou 10 locais.
Em agosto, quando uma comitiva da Fifa veio ao Brasil para avaliar as cidades que pleiteiam receber jogos da Copa do Mundo, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, havia cogitado a possibilidade de a escolha das sedes ser feita no meio de 2008.
As cidades-candidatas lutam para receber jogos das eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, como forma de impressionar a CBF na luta por 2014. O estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, já foi o palco do jogo contra o Equador. O Morumbi vai receber Brasil x Uruguai, em novembro. Brasil e Argentina devem jogar no Mineirão, em Belo Horizonte. Restam assim seis jogos da competição ainda sem sede definida.
Por Humberto Alencar, com informações do Ministério dos Esportes, do jornal O Globo e agências internacionais.

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